Page 34 - Boletim APE_227
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ENTREVIsTA
Entrevista ao antigo Presidente
da APE
Artur Barroca da Cunha
(19470188)
O Artur Barroca da Cunha foi Presidente da APE de 1976 a 1985, deixando marca
pessoal da sua muito devotada acção.
É “Barretina de Honra” com carreira notável, de personalidade forte e de valor
“pilónico” excepcional.
Este valiosíssimo depoimento, com elevados graus de emotividade irá, decerto,
contagiar quantos o lerem.
coMo surgiu a Honrosa condição de seres homem simples de grandes sonhos, com longa experiência
presidente da ape? na vida associativa, de prudência sem limites e também
Foi um acaso e necessidade!...Acaso que abracei com sem pretensão de honrarias, foi para mim um estímulo e
grande empenho e espírito de missão! Missão que, como exemplo, como veremos!
incluis na pergunta, me foi muito honrosa e gratificante! Mas e porquê o Marques da Silva, perguntar-me-ás!
É facto que fui eleito, mas em lista única! Preferia ter Foram vários os acasos que se conjugaram para se
sido eleito em confronto com outra ou outras listas sendo lembrarem de mim!
este facto demonstrativo de pujança e vitalidade da mas- O primeiro porque ele era o vice-presidente da Asso-
sa associativa! ciação e tinha de arranjar alguém para as listas em subs-
Digo e repito acaso porque não havia à data alguém tituição do então Presidente, o Coronel Américo Barata
que se disponibilizasse para abraçar tal responsabilidade. (41384) que tinha sido designado para a frequência dos
Estávamos na altura vivendo convulsões embaraçosas com Altos Estudos Militares em Pedrouços e não poderia acar-
caracter e envolvência política surgindo, aqui e além, retar com o desempenho simultâneo de presidir aos des-
tentações de manipulação da Associação como plataforma tinos da APE e à frequência do curso! Daqui a necessida-
para se imiscuírem nos assuntos internos do Instituto ou de absoluta de alguém! Urgia pois um substituto! Alguém
plataforma para outras intenções! que estivesse recetivo e disponível!
Já lá vão trinta e seis anos mas foram pelo menos os Chegados a mim apercebi-me das dificuldades de re-
receios e preocupações do Marques da Silva que me de- crutamento que sempre existiram entre os associados para
moveram das minhas hesitações, lançando-me desafios cargos diretivos; Sempre foram poucos os disponíveis a
como forma de me estimular a aceitar! sacrificar parte dos seus tempos livres como garante de
Havia que enfrentar essas intenções e outras mais continuidade do associativismo e concomitantemente da
desafiantes, que adiante serão mais oportunas falar. A vida da Associação.
opção era, para tudo e todas as ações que surgissem, O segundo, como já atrás referi e porque era tradição
utilizar o bom senso de forma prudente sem criar decorrente dos últimos tempos o Presidente ser militar e
cisões entre as partes e muito menos entre a massa asso- não encontrarem, entre estes, alguém com disponibilidade
ciativa! suficiente para a missão que se impunha! A sobrevivência
Eu não tinha nada a recear pois que presidir aos des- da nossa APE, como órgão, sempre vivo e dinâmico esta-
tinos da APE não me traria vantagens ou implicações de va fragilizada! Alguém que fizesse chegar, mesmo que de
qualquer ordem para o meu futuro! Apenas tive de equa- uma forma ténue, os sentimentos de solidariedade e fra-
cionar da minha disponibilidade para poder cumprir com ternidade que o Instituto cimentou e os ex-alunos perfi-
as obrigações que tal missão exigia aquando do convite lham, era imprescindível!
que me fez, numa qualquer tarde de março de 1976, o O terceiro porque usufrui de o Barroso Júnior me
Marques da Silva, a pedido ou a rogo do Barroso Júnior, conhecer, desde longa data, pelo meu empenho em fo-
um dos fundadores do “Grémio da APE”! O Barroso Júnior, mentar convívios vários, em várias localidades do país, por
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