Page 60 - Boletim APE_225
P. 60

POEsIA












                                                              António Pinto

           ANTóNIO BOAVIDA PINhEIRO                                                             JOAQUIM CABO VERDE
           19460033                                                                                    19490309
                                                              António Pinto pintava
                                                              coisas que o tino lhe dava
              Poema editado em Disco de fado                  veio um dia o construtor
                                                              e disse-lhe
              No passado dia 28 de Março, no Museu do Fado, em   António Pinto
           sessão muito concorrida por Amantes do Fado e Amigos   ou deixas de ser pintor
           do Fadista, foi feito o lançamento de um CD, intitulado   ou não te metes no tinto
           «O meu sangue é fado», com 15 Fados na voz do Fadista   e António Pinto
           da Velha Guarda, Nuno de Aguiar..., assim como um livro   que tinha três filhos
           sobre a vida e obra do mesmo, da autoria de João Paulino.  para sustentar
              Depois da apresentação da obra e do Fadista feita por   e um patamar para pintar
           Raúl Vieira  Nery,  o  Fadista  Nuno  de Aguiar  brindou  a   no edifício distinto
           assistência  interpretando  vários  dos  Fados  que  estão  no   começou por não falar
           CD, entre os quais o de «NA DESPEDIDA», que é o 13º   e acabou por não explicar
           Fado do CD, e que tem letra de António Boavida Pinhei-  que a sua arte era o instinto
           ro, que aqui publicamos, com os parabéns da Redacção ao
           nosso amigo “pilão” e colaborador.                 foi subindo devagar
                                                              mudou-se no 4º andar

                                                              e atirou-se do 5º
                        Na Despedida


                                   I
           Na hora da despedida, tristemente!...              As asas
           Dá-se um beijo mais intenso, qual loucura          que eu te pedi
           Com o coração suspenso, infelizmente
           No momento da partida, que tortura!                                                    ANTóNIO BARROSO
                                                                                                       19460120
                                                              Aquelas asas que eu te pedi
                                   II                         Quando vim ao mundo, quando nasci,
           Forte a emoção sentida, com fervor                 Eram somente asas de busca de liberdade
           Num enlace de consenso, por bem crer               Que me permitissem subir ao firmamento
           Eu direi que te pertenço, meu amor                 E seguir meus sonhos no dorso do vento,
           Para sempre, p’ra toda a vida, até Deus querer.    Para descobrir a eternidade.
                                                              Aquelas asas que eu te pedi,
                                  III                         Que eu não soube usar e que perdi
           Na despedida, adeus não!, não direi                No labirinto da vida e que, destarte,
           Que o desejo, é regressar, para ficar              Porque as fui mostrando a toda a gente,
           Se embacia o olhar, com que te olhei               Sem cautelas, precauções, sem ser prudente,
           Nos invade o coração…que sabe amar.                A inveja as foi roendo em toda a parte.

                                                              Aquelas asas que eu te pedi
                                  IV
           Há que essa mágoa conter, e suportar               E que, tão pouco, de tais asas me servi,
           Na esperança d’acreditar, em novo dia              No acervo de ilusões que ousei tomar,
           Que em breve se vai voltar, voltar a amar          São, agora, cotos pardos, macilentos,
           P’ra nossa vida viver… com alegria.                Que não traduzem sonhos nem sentimentos.
                                                              Aquelas asas que eu te pedi
                                                              De nada me serviram porque as não vivi.
                      António Boavida Pinheiro/Nuno de Aguiar
                                       (Fado menor versículo)  Não me deixaram voar…


           58   |   Boletim da Associação dos P upilos do Exército
           58  |  Boletim da Associação dos Pupilos do Exército
   55   56   57   58   59   60   61   62   63   64