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1911 – querer é poder – 2011

                             pupilos  do  exército  –  100  aNos  de  eNsiNo  e  cidadaNia


          m. A. BorgeS correiA
          19470332


          “A república, o instituto, As Tutelas


          & os Tutelados …( iV )”






          III – “A 1ª república – o Portugal nas trincheiras   A participação de Portugal na I Grande Guerra
         – A “republica Nova” – Ideologias & Partidos – os
         Pupilos  do  Exército  1911…1926  –  A  “Guerra       Considera-se que a participação portuguesa na I Guer-
         Civil-Intermitente” (1914-1926…1936;                ra Mundial, foi um acontecimento fracturante que dividiu
                                                             a sociedade portuguesa, provocando o primeiro forte aba-
          o eclodir da I Guerra Mundial                      lo das instituições republico-liberais e, concorreu para se
                                                             negociarem  vários  empréstimos  e  criar  uma  dívida  de
            Em  consequência  da  morte  do  herdeiro  do  Império   guerra, superior a 22 milhões de £ibras esterlinas (1925).
          Austro-Hungaro, o príncipe Francisco Fernando em 28 de   Hoje, corresponderia a cerca de 44,1 mil milhões de euros.
          Junho de 1914, em Saravejo, por nacionalistas sérvios, as   Portugal, recebe a “declaração de guerra” da Alemanha
          grandes potências da Europa, tomam um caminho que as   em  9  de  Março  de  1916.  Inicia  a  sua  participação,  na
          levariam à guerra: – A Rússia e a Áustria – Hungria, riva-  frente  africana.  O  seu  1º  Contingente  é  imediatamente
          lizavam-se na hegemonia sobre os Balcãs. O problema, não   constituído, em apenas 9 (nove) meses. O então ministro
          resolvido,  da  cedência  da Alsácia-Lorena,  pela  França  à   da Guerra, Gen. Norton de Matos, consegue organizar e
          Alemanha, após a guerra franco-prussiana (1870). A In-  treinar o Corpo Expedicionário Português (CEP), consti-
          glaterra “desconfiava” do poderio naval germânico e do seu   tuído  por  45.000  homens.  Portugal  mobilizou  mais  de
          potencial económico. Os vários “interesses” não convergiam.   noventa mil homens, dos quais cerca de oito mil perderam
          Assim: – aparece o “ultimato” da Áustria à Sérvia (Jul); a   a vida nas trincheiras da Flandres ou nos campos de bata-
          Rússia apoiante da Sérvia, recebe a declaração de guerra   lha de África.
          da Alemanha (Ago); tal como a França, aliada da Rússia.   Os embarques, para a Frente francesa, começaram em
          A  Inglaterra  só  entra  na  guerra  aquando  da  invasão  da   Janeiro de 1917 e prolongaram-se até Abril.
          Bélgica  e  do  Luxemburgo  (Ago),  pelos  germânicos.  A   Em  La  Lys  (Abril  de  1918),  as  forças  Portuguesas,
          Itália e os EUA declaram-se neutrais (Ago). A França, a   defrontaram a pior de todas as batalhas. Gomes da Costa,
          Rússia  e  a  Inglaterra,  constituem  o  chamado  “Pacto  de   comandante dos batalhões de Infantaria 7 e 21, solicitou
          Londres”, contra uma Paz separada (Set). A Turquia, fecha   reforços,  que  não  chegaram.  Esgotadas  e  sem  apoio  as
          os Dardanelos e bombardeia do mar, Odessa e Sebastópo-  tropas desmoralizaram. O que aconteceu foi que, o então
          loss (Out) e entra na guerra, contra “os Aliados” (Nov).;
          os germânicos, após terem invadido a Polónia, retiram-se
          (Nov). O Egipto é considerado “protectorado” inglês (Dez).
          Os  EUA  apoiarão  os  aliados,  contra  as  forças  do  Eixo-
          Alemão, no “teatro europeu”, a partir de Jun1917.
            Portugal irá tornar-se beligerante, apesar da oposição
          de Freire de Andrade e, do equívoco de entrar ou não no
          conflito, assumido, pelo Governo de Bernardino Machado.
          A  maioria  da  população  era  indiferente  ou  era  hostil  à
          participação do País na Guerra Europeia.
            Os  “intervencionistas”  portugueses  tiveram  que  se
          refugiar nos lugares-comuns da propaganda dos Aliados:
          – a defesa da democracia, da justiça e dos «direitos das pe-
          quenas nações»; a protecção da civilização latina e da Fran-
          ça; a oposição à reacção e ao militarismo germânico –.
                                                             Partida das forças portuguesas, para a linha da frente – Soares dos Reis
                                                             – Museu Militar


                                                                                        Boletim da associação dos PuPilos do exército  39
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