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Anexo do Boletim 273 Ano 78
ABRIL A JUNHO DE 2024
Os Soviéticos desacreditavam socialmente aqueles que se conseguiam opor ao poder instituído chamando-lhes inimigos do Povo, homossexuais, doentes psiquiátricos, não faltando, neste caso internamentos e “tratamentos” degradantes e desestruturantes. A morte resultava não como corolário de uma indústria pesada, como a alemã, mas era um resultado do tempo passado no Gulag, - os campos de trabalho forçado, reeducação e correção soviéticos - numa morte lenta, debaixo de condições limite.
Os Estados Democráticos
Todos os Estados, mesmo aqueles que revestem a forma das mais antigas e benignas democracias de tipo ocidental, compreendem estruturas e formas de burocracia com vista à manutenção do status quo, que podemos nomear de razões de Estado, que se podem sobrepor à dignidade e existência da pessoa humana. Muitas pessoas vêem-se trucidadas a pretexto de constituírem perigo para o Estado e as suas organizações e per- correm o calvário de mortos vivos.
Vivemos, dada a nossa idade, pouco tempo em ditadura, a qual não chegámos a conhe- cer bem, mas já vivemos há cinquenta anos em democracia e sabemos que ela foi, é e continuará a ser um pesadelo em comparação com os sonhos daqueles que morreram, na diáspora, por esse mundo fora, na esperança do retorno breve, e que imortalizaram uma Pátria do tamanho da alma portuguesa, que também tem uma dimensão mesqui- nha e pequenina. O nosso Gulag era o Tarrafal, mas hoje alargou-se um pouco mais: brincando, assemelha-se a Portugal Continental e Ilhas, onde os portugueses são imola- dos em piras de lume brando à maneira portuguesa.
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