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Anexo do Boletim 273 Ano 78
ABRIL A JUNHO DE 2024
Na noite de 11 de Março de 1959, vários majores do Exército (incluindo três que prestavam serviço nesta Casa) tentaram um golpe de inspiração católica, mas que foi rapidamente abortado, resultando na prisão dos revoltosos. Era já o tempo de novos democratas com in‐ clinações polícas diversas da dos oriundos da 1.a República.
Com o começo da guerra em Angola, no ano de 1961, houve lugar a nova viragem na luta da resistência ao salazarismo, quando, em Abril, os generais Botelho Moniz e Albuquerque de Freitas, Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, entre outros oficiais, conspiraram no sendo de deporem o ditador e entrarem em negociações com os movimentos de libertação, porque, diziam, o problema colonial não era solúvel militarmente. Também no mesmo ano, mas a 31 de Dezembro, o, então, capitão Varela Gomes, apoiado por outros militares e civis, levou a cabo a tentava de assaltar e tomar o quartel de Infantaria de Beja. Foram esforços baldados. Só com o desenrolar das operações militares nas colónias de Angola, Guiné e Moçambique, ao cabo de doze anos de guerra, se estabeleceu o clima necessário para levar a efeito o golpe decisivo que pôs fim ao fascismo português e abriu de par em par as portas da Liberdade e da Democracia.
No fim de tão longo processo de luta e conspiração seria de estranhar se alguns angos alu‐ nos dos Pupilos do Exército não esvessem empenhados de formas diferentes, mas todas elas notáveis, porque, com pouco se faz muito, na luta anfascista.
Hoje estamos aqui para os recordar e homenagear, cinquenta anos e um mês depois do dia em que o pensamento quebrou as grilhetas que o prendiam e conseguiu ser livre para se ex‐ pressar.
Façamo-lo.
Almada, 9 de Maio de 2024
(As partes a negrito são da responsabilidade da redação do Bolem)
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