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BOLETIM APE | JUL/SET 2023
CRÓNICAS
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Mercado Falcão de Carvalho e o Hotel Marina), que ainda
subsistem, muitos deles em mau estado de conservação,
e sobretudo na arquitectura de cariz religioso (mais
cuidados), logo ali foi possível entender as consequências
da anexação ocorrida em 1960: a língua portuguesa, salvo
raras excepções, já só é utilizada pelos católicos da minha
idade, que ainda a aprenderam na Escola.
Os mais novos, filhos e netos destes, católicos,
mantendo nomes e apelidos portugueses sonantes, que
já foram escolarizados em Inglês e/ou indi, vivem agora
no estrangeiro, sobretudo em Londres, Macau e Portugal,
embora mantendo forte ligação às suas origens.
Quanto ao uso do telefone, indispensável nos dias de
hoje, avisado que estava acerca do incomportável custo de
roaming, o cartão SIM português foi desde logo substituído
por um da Airtel, operador indiano, por um preço irrisório
de cerca de 5€, válido por um mês, que nos resolveu com
sucesso o problema de acesso à NET durante toda a estadia
na Índia.
As temperaturas na ordem dos 35 graus a par da
humidade elevada, impuseram a adopção de calções e polo
como traje permanente.
Calcorreamos quilómetros a pé e tivemos de incorporar
os barulhentos tuk-tuk como meio de transporte urbano,
que com suspensão rudimentar e rija, muitos danos
causaram na minha coluna ao nível da L4-L5.
Acanhados e todos iguais, pintados de preto e amarelo,
só dispõem de um banco, atrás do condutor, onde nos aco-
tovelámos os dois, mas de onde víamos com regularidade
sair até 6 indianos, bem mais franzinos que nós.
Os pagamentos no comércio local em Damão são efec-
tuados em dinheiro vivo.
Cada euro rondava as 85/88 rupias, que foram trocados
em cambistas locais, embora fosse possível levantar dinhei-
ro nos ATMs, disponíveis nas zonas urbanas.
Por cautela sanitária, as nossas refeições, sempre em
restaurantes ou esplanadas de padrão ocidental, raramen-
te ultrapassaram 8€, com cerveja incluída.
Acompanhei o Cândido em romagem de saudade ao
Hospital/Maternidade onde nasceu por acidente vindo de
Silvassa (em Nagar Haveli), onde o pai chefiava a Polícia
local, a todas as casas onde viveu em Nani Daman e aos
locais onde cresceu na década de 50 do século XX, incluindo
escolas e igrejas.
Neste percurso histórico pela cidade de Damão
visitámos detalhadamente os dois fortes ali existentes:
S. Sebastião, em Damão Grande e S. Jerónimo (de planta
triangular), em Damão Pequeno.
Deixei-me impressionar pelas figuras gigantes em
baixo-relevo, que ladeiam a Porta Principal, virada a Sul,
da Fortaleza de S. Jerónimo, que muito atormentaram o
Cândido na sua infância.
Essas figuras sustentam uma facha com a mensagem
“Quem por aqui quiser entrar, com esta mó há de pagar:
que eu e meu companheiro a vigiamos sem dinheiro”, enal-
tecendo a honradez dos intrépidos defensores do forte.
Pela Porta Norte acede-se a um amplo recinto em terra