Page 44 - Boletim numero 257 da APE
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                   Ana Paula Oliveira
19781097
hábitos e q rotinas...
uando entrei para o IPE em 1978, apanhava todos os dias o autocarro das sete e picos, e, na paragem, como sempre, estavam os “clientes habituais “. Nessa altura,
também o motorista era quase sempre o mesmo e conhecia os seus passageiros. Cumprimentava-os, e se por acaso um ou outro não estivessem presentes, olhava pelo espelho e fazen- do um compasso de espera aguardava que o(s) atrasado(s), em passo de corrida apanhassem o “seu autocarro”! Penso que até os lugares já estavam marcados e todos se cumpri- mentavam e comentavam os assuntos do dia anterior. Eu, ha- bitualmente, ia para o largo banco de trás, com a “Mafalda”, que ia lendo, sempre divertida, durante a viagem.
A minha vida mudou, a sociedade também, e estes hábitos já não devem existir, até porque, dada a rotatividade dos mo- toristas e dos empregos, hoje seria quase impensável.
Os hábitos mudam, mas as rotinas (outras) existem.
A senhora do café, o homem da loja... fazem também eles parte das nossas rotinas e se alguma coisa muda, damos por isso.
Esta nova rotina a que nos habituamos desde meados de Março, veio dar-nos uma outra perspectiva da realidade. A casa passou a ser um espaço ocupado vinte e quatro horas por dia e a família, distante, passou a ficar mais perto virtualmen- te.
As saídas para os lugares habituais, ficaram adiadas e nem sei se, nalguns casos, ad aeternum.
Os encontros com colegas e reuniões de grupo ficaram em stand-by. Receio que os grupos não voltem a ser os mesmos... O trabalho passou a ser, também ele, virtual! O contacto cara a cara com os colegas, alunos e funcionários, passou a ser à distância. Aquele calor humano desapareceu e deu lugar a
máquinas e contactos virtuais.
Se nesta altura, habitualmente, estava a fazer planos de
férias, hoje tenho a certeza de que não vou fazer planos e o plano B (que todos temos) é para mim uma grande incógnita. Vivemos o hoje sem certezas do amanhã, sem as nossas pe- quenas rotinas.
Talvez seja esse o objectivo maior! Tornar a nossa vida uma incerteza constante. Viver sem planos e deixar acontecer. O tempo encarregar-se-á de nos habituar a outro modo de vida e será essa a nova rotina – sem rotinas.
Ramiro Nolasco
19740268
um Poema Por Acabar
Maio é Primavera de cores mil,
lá fora...
cá dentro, onde está tudo o que importa,
é correria desenfreada, bandeiras a esvoaçar
e uma parada, imensa, de soldadinhos de anil.
É tribuna, à sombra, em espera cinzenta e dourada e outra, mesclada, que o Sol não queima, imersa em orgulho e em saudade. Maio é
lágrima que sorri de vaidade, abraço
adiado, que o tempo deixou febril,
penhacho afagado pelas mãos de um menino;
é destino.
Maio é anil...
e branco...
e prateado...
e tanto... tanto...
que será sempre cantado por poetas envelhecidos, por Maio renascidos,
em charcos de lembranças que os olhos não conseguem conter.
É lindo de se ver...
Maio é regressar e partir com vontade de voltar,
o culminar de um encontro protelado,
é poema vivo,
de renascer múltiplo,
sempre inacabado.
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