Page 31 - Boletim numero 257 da APE
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 EM FOCO APE
         Nuno Santos
19830480
Não sou como aquela malta
que se lembra de tudo, como os
companheiros Renato (19830268)
ou Artur (19830115) que pare-
cem o canal memória, na maior
parte das vezes não me lembro de
nada, mesmo quando era parte activa na história.
quando me decidi escrever sobre um 25 de Maio que me fosse memorável achei que ia ficar a olhar para uma folha em branco durante muito tempo e acabaria por desistir.
Peguei na caneta para apontar alguns pensamentos e rea- lizei duas coisas:
1. Os 24 de Maio marcaram-me mais que os 25 de Maio e é fácil perceber, o 24 de Maio era a nossa celebração “interna”, o 25 de Maio era o “show-off” na rua.
2. Não tenho propriamente uma história ou histórias so- bre um 25 de Maio, mas sim razões porque me lembro deles (já disse que tenho pouca memória, portanto se me lembro é porque fiquei emocionalmente ligado àqueles momentos).
Batalhão 25 de maio 1992
Mas vamos lá ao baú da memória:
• Omeu1o25deMaio(1984)–Naturalmentenãoesque-
cemos a 1a vez, para mim foi a oportunidade de mostrar aos meus pais que já era um homenzinho. No dia 6 de Outubro de 1983, 1o dia no pilão a minha mãe ensinava- -me à pressa como se fazia uma cama (na altura ainda não tinha 10 anos e nunca tinha feito a minha cama) e agora ali estava eu a marchar e a fazer ordem unida com uma “Manelica” (Mannlicher) a espingarda usada do 5o ao 6o ano (de notar que nessa altura a “Manelica” com a baioneta tinha quase a minha altura).
• O insólito 24 de Maio de 1989 – Nota prévia: o 24 de Maio para mim sempre o considerei como um marco e um orgulho, pois embora tenha participado fugazmente numa Kata de demonstração de Taekwondo, a ginástica especial com suas “acrobacias” e os seus saltos mortais sobre um carro militar sem capota e com alunos com baionetas espetadas era sem dúvida o ex libris de de- monstração do que a escola produzia.
Voltando ao insólito, neste dia estava um calor insupor- tável. O 24 de Maio começa com o corpo de alunos na parada a desfilar para as famílias e as entidades e perso- nalidades convidadas. O convidado de honra, atrasou-se (não sei quanto tempo, mas com a barretina e a nossa farda azul debaixo do sol das 14h, para mim foi mais que 1h) e o calor foi tal que os alunos começaram a cair que nem tordos (pequenos e graúdos) ficando alguns pelo-
tões desfalcados (imaginem as mães a assistir...). PS – eu
aguentei-me!
• O 1o 25 de Maio que não desfilei (1992) – Estava no 1o
ano do Curso Superior de Contabilidade, já não partici- pávamos no desfile e recordo-me por 2 motivos:
1. Eraa1avezqueestavaaverodesfilenosJerónimos
na perspectiva de quem assiste e a gritar orgulhosa- mente as “jacarézadas” juntamente com outros alu- nos e ex-alunos;
2. NesseanocomeceianamorarcomaIsabel(19911525), agora minha mulher e sabia que ia ver quem era o meu futuro sogro (na altura escondi-me, ainda não estava preparado para conhecer o pai da minha na- morada). Mais tarde, o meu sogro veio a tornar-se o Maestro do Grupo Instrumental e Coro dos Pupilos, estou a falar do fantástico Pai e Avô Sgt. Mor José Manuel Nogueira.
• E por fim o 24 de Maio como ex-aluno – não consigo lembrar do ano. Os pupilos tinham mudado muito e a malta de 83 também. Nesse ano a geração de 83 combi- nou aparecer em força e foi um momento marcante, pois visitámos as camaratas e os quartos que nos deram “guarida” durante 8 anos de internato, lembrámos histó- rias (aquelas que contamos sempre que nos encontra- mos) e matámos saudades. Muitos de nós já não nos ví- amos há algum tempo (o saudoso Carapinha 19830409 ainda cá estava entre nós), uns mais gordos, uns carecas, uns com cabelos brancos, mas no fundo todos na mes- ma, com tudo o que nos faz sermos Pilões.
Querer é Poder!
          Boletim da Associação dos Pupilos do Exército • abril a junho | 29





































































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