Page 17 - Boletim numero 257 da APE

CARAS DO PILÃO
Que recordações do 17 Pires. Certo que existiam ou- tros ginastas de bom nível, como os gêmeos Reis, ou o Fonseca actual CEME, mas como alguém disse, o “17” fica para a história do pilão, era soberbo, comple- to nas várias modalidades e eu não tenho dúvidas que seria um dos melhores se não o melhor ginasta mas- culino em Portugal, mesmo sendo amador. Lembro- -me de um sarau no Pavilhão dos Desportos, em que ele teve uma actuação de levantar a plateia num bru- aaá tremendo, até os nossos rivais do CM se renderam a essa performance extraordinária do Pires. Um bem haja do 9 de 1972 Mocho “Fizeste-nos sentir os me- lhores do mundo” mesmo.
José Marinho – Mocho (19720009)
O 17 é património nosso, com lugar em qualquer an- tologia, e o seu tronco em V, impressionava.
Era um ginasta perfeito. Quem o conheceu sabe que é verdade.
Rogério Pereira (19740338)
No último ano que esteve no IPE, já tinha sido selecio- nado pela Federação Portuguesa de Ginástica, para ir aos jogos Olímpicos de Los Angeles, que se realizaria em 1984. É também nesse ano que o professor Robalo Gouveia, o informa que não o poderá acompanhar e que o irá inscre- ver no Lisboa Ginásio Clube. A decisão do Professor Robalo Gouveia, prendia-se com o facto de considerar que nesse clube, iria ter o apoio para conseguir chegar aos jogos Olím- picos de Los Angeles, na verdade nem dinheiro tinha na altura para a inscrição, tendo sido tudo tratado e pago pelo professor Robalo Gouveia.
Confessa que talvez essa seja uma das coisas, que a escola não lhe perdoou, refere com alguma mágoa, mas acredita que a decisão do Professor Robalo Gouveia foi sempre para que ele tivesse as melhores oportunidades.
Ainda se lembra do Professor Robalo Gouveia lhe dizer, que tinha pena de não ser mais novo, porque se fosse, o le- varia longe.
Em 1981, no seu último ano, a terminar o curso de Enge- nharia Mecânica começa pela primeira vez a pensar na sua vida e o que iria fazer quando saísse do IPE. Sempre foi in- terno no IPE e durante 11 anos aquela tinha sido a sua casa, raramente ia a Vendas Novas.
A verdade é que não tinha dinheiro, a sua família era hu- milde, e não queria regressar a Vendas Novas onde conside- rava que as oportunidades de emprego seriam quase nulas.
Em 1981, tinha a sua viagem de finalistas marcada e exa- tamente na mesma altura um campeonato de ginástica na Tunísia e teve de tomar a DECISãO. Assim tendo em consi- deração varios fatores, como o facto de não ter dinheiro e que os atletas de alta competição da altura muito poucos apoios tinham, a opção de conseguir sobreviver até aos Jo-
gos Olímpicos em Los Angeles em 1984, parecia-lhe uma verdadeira utopia e práticamente impossivel. Decidiu por isso, que não iria ao campeonato na Tunísia, que iria desistir dos campeonatos e iria à sua viagem de finalistas, que de- correria quase ao mesmo tempo, uma DECISãO difícil, mas que face aos condicionalismos na altura, considerou que ser a única hipótese viável.
A Federação ainda tentou algumas soluções como pa- gar-lhe o transporte para a Tunísia, do local onde iria decor- rer a viagem de finalistas, mas a decisão estava tomada, afinal era muito mais do que apenas um Campeonato, era a decisão da sua VIDA.
Pois eu lembro-me bem que o 17 era dos poucos, se não o único, que fazia um conjunto de exercícios dig- nos no aparelho mais difícil, pelo menos na minha opinião, – o cavalo com arções. Vi muita gente a ten- tar e não sair da primeira posição. Era de facto força aliada a um invulgar equilíbrio. Tive o privilégio de o ver em muitos 25 Maio e ficar arrepiado com a sua performance como ginasta.
José Carlos Coelho (19760076)
Recordo-me perfeitamente de ver o 17 no 25 maio, a fazer o Cristo nas argolas, julgo só ele e o Lobato o faziam na perfeição, o 17 era sempre o último execu- tor na classe ginástica e claro era efusivamente aplau- dido e bafejado com jacarézadas!
João Guerreiro (19790286)
Boletim da Associação dos Pupilos do Exército • abril a junho | 15