Page 38 - Boletim numero 256 da APE
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  EVOCAÇõES
2. “Isto também passará”
Tal como referi no ponto anterior, muitas vezes temos momentos complicados nas nossas vidas, momentos esses em que não sabemos como os iremos ultrapassar.
Há uns anos, tal como a todos nós, calhou-me passar por um desses momentos e, nessa altura, cruzei-me com um texto cujo título era “Isto também passará” e recordei-me de alguns momentos difíceis que a nossa “casa tão bela e tão ridente” passou, enquanto eu era aluno.
Não sei se já estávamos no ano de 2001 quando, numa reunião na 4a companhia, fomos informados de que no ano seguinte não haveria lugar a novas admissões para o 5o e 6o ano. Na altura, com 14 anos, penso que não compreendi bem o significado real daquela afirmação, mas sabia as con- sequências que poderia ter para o futuro do Pilão. Lembro- -me que uma das coisas que me passou pela cabeça, e a tris- teza que senti ao ter aquele pensamento, é que fazia parte do grupo dos últimos alunos que tinha entrado no Pilão. Recordo-me do sobressalto que todos vivemos, tal como voltou a acontecer em determinado momento de 2006.
Essa fase mostrou-me que uma má fase não dura para sempre, que isso deve dar-nos esperança, força, para lutar e ultrapassar esse mau momento; da mesma forma, devemos saborear, aproveitar e viver as boas fases da vida, porque também sabemos que uma boa fase não dura para sempre.
3. “Nem sempre uma linda cara Traduz encanto no mundo Há mil fontes de água clara Cheias de lodo no fundo”
Sempre tive alguma dificuldade em “voltar à realidade” depois dos períodos de férias, em que deixava a minha vida fora do IMPE e voltava à rotina diária no Pilão. Nesse período, pensava que vivia uma vida dupla: uma no Pilão e outra em casa, no Algarve. Com o passar dos anos fui-me apercebendo que a vida que eu muitas vezes ambicionava e sonhava, aque- la ilusão “cor-de-rosa”, não passava disso mesmo: um sonho. A vida tem muito pouco de justa e, isso, foi uma das maiores dificuldades que encontrei quando saí do Pilão. Não sei se foi da camaradagem, das regras, do sentir que sempre tivemos um código de honra, que tenho dificuldade em compreender e aceitar muitas das coisas que vejo no dia-a-dia... talvez um dia a vida me dê respostas para as perguntas que procuro.
Como é bom
    vColtar a casa...
Vando Correia
20000293
          onfesso que foi com bastante surpresa que recebi o desafio de escrever este artigo e aproveito para agradecer à Equipa Editorial esta oportunidade.
   Foi no ano de 2000 que, por iniciativa da minha Mãe, concorri ao IMPE. Até então, toda a minha vida tinha estu- dado na Escola Salesiana do Estoril.
Desde que a minha Mãe conversou comigo sobre a hipótese de entrar no Pilão, que encarei o “desafio” como uma prova de fogo e, de forma determinada, tentei mos- trar que estava à altura do mesmo. Naturalmente, na altu- ra não tinha consciência do que realmente representa- ria para a minha vida e de que forma iria moldar o meu futuro.
1. “Eu não tenho ídolos. Tenho admiração por trabalho, dedicação e competência”
Desde que me lembro, nunca fui uma pessoa de seguir/ ter “ídolos”. Podia gostar mais ou menos de determinado desportista, mas nunca ao ponto de considerar que fosse um “ídolo”.
No verão do ano 2000, aquando das provas de admis- são, tive um momento que até hoje nunca me esqueci. Num dos dias das provas, tive uma breve conversa com o Comandante do Corpo de Alunos, o nosso Antigo Aluno Coronel Art Manuel Talhinhas, em que me questionou se havia algum desporto do qual eu gostava. Eu, que tinha praticado hóquei em patins desde os 5 anos, referi que gostava dessa mesma modalidade. Para surpresa minha, fiquei a saber que no passado o hóquei em patins tinha sido uma das modalidades desportivas praticadas no Insti- tuto. Foram simples palavras, mas foram suficientes para nunca me esquecer daquele momento e ser a minha pri- meira memória do Pilão.
Ao longo dos 7 anos que estive no IMPE, várias foram as vezes em que vi o espírito de corpo e o altruísmo de muitos em prol de quem mais precisava. Quer fosse para retirar dúvidas sobre uma determinada matéria, quer fosse para resolver um problema, havia sempre alguém disposto a dar um pouco do seu tempo para que o fardo se tornasse menor.
A vida nem sempre era simples, mas esses pequenos, grandes, gestos de camaradagem tornavam tudo mais leve.
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