Page 18 - Boletim numero 255 da APE
P. 18
OS NOSSOS PROFISSIONAIS
eu... Mauro Peliquito...
Mauro António Rendas Peliquito
19950118
Nasci a 2 de Novembro de 1984 em Torres Vedras na freguesia de São Pedro e Santiago, vivi até aos 8 anos nesta cidade com um espírito Carnavalesco único, de traços que em muito se assemelham à nossa tão característica récita de carnaval.
A infância e juventude foi na Aldeia do Sobreiro, Fregue- sia de Mafra, terra do Oleiro José Franco, do seu conhecido Pão com chouriço e as suas figuras de barro.
Criado pelo reformado Capitão de transmissões Júlio Costa e a sua esposa Maria Ofélia, seres humanos de enor- me e generoso coração que, além de me acolherem a mim e às minhas irmãs, foram voluntários durante décadas no Lar e Centro de dia do Sobreiro.
Inicialmente o Instituto surgiu como castigo pela falta de empenho escolar demonstrado até então. Mas mais tar- de, por intermédio das vibrantes histórias e epopeias de vida Pilónica do grande atleta António Aleixo, a vontade cresceu. E ao ser questionado sobre o ingresso no Instituto, não hesitei.
O Capitão António Aleixo, então camarada de transmis- sões do meu tutor, foi a inspiração que me levou a ingressar na nossa Casa tão bela e tão ridente.
Pois mesmo estando apto para os dois estabelecimentos militares de ensino, o coração falou mais alto. Também eu queria ter aquele brilho no olhar, viver e sentir no coração a emoção de ser um dia Pilão.
As memórias desse tempo de aluno ainda hoje me fa-
zem rir, e à minha família e aos meus camaradas, daquela infância, amigos que ainda hoje perduram.
Logo no 5o ano de escolaridade tive uma breve passa- gem por chefe da turma A, foi até à observação da minha querida professora de ciências da natureza de que “tens de ser mais duro com eles que ninguém anda formado à porta da sala”. A posterior dureza levou-me depois à destituição.
Lembro-me também da minha única aula de equitação no quartel da Ajuda e da chibatada do Sargento da GNR no cavalo durante a sessão de volteio. O cavalo arreou as patas traseiras e disparou que nem um foguete, «tira uma mão... coloca as duas atrás das costas», pelo que nem uma nem duas e durante meses ia na nossa saudosa TP21 para o quar- tel, mas refugiava-me nos estábulos confraternizando com os cavalos.
Foi aí que conheci a aluna do curso superior que viria a ser minha madrinha de crisma no Instituto, a Ana Moital. Ainda me lembro de lhe ligar a fazer o pedido e ela questio- nar-me quem era o aluno mais velho que me tinha manda- do ligar-lhe para brincar com ela sobre este assunto.
Fiz parte da classe especial de ginástica sendo o olímpico Professor hermenegildo Candeias, o meu último professor.
Pratiquei artes marciais com o Mestre Nelson Rebelo, que por ser antigo aluno nos dava treinos mais duros que às demais escolas, lembro-me também dos estágios, com ele percorremos o País. Não foi apenas nosso Sensei, foi muitas vezes confidente, cozinheiro, monitor, mas sobretudo um irmão mais velho.
Pratiquei ainda futebol 11, de leão ao peito pelo Spor- ting Clube do Livramento, incutido por camaradas do Esta- belecimento Militar de Ensino rival.
Durante a minha vida Pilónica o sonho de ser graduado guiou-me durante anos, mas a vivência do encerramento
16 | Boletim da Associação dos Pupilos do Exército • outubro a dezembro