Page 15 - Boletim APE 253
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 CARAS DO PILÃO
   e depois veio o professor Candeias. quase todas as se- manas tinham saídas conta- -nos, e os alunos faziam mesa alemã, trampolim, ar- golas, ginástica acrobática etc. etc...não havia música, era tudo à voz do professor e na altura o equipamento de ginástica era apenas os calções. Só quando entrou o Professor Candeias, é que foi introduzido o “maillot”, música e os exercícios
também começaram a diversificar-se.
quando iam para as exibições transportavam tudo, diz-
-nos que a mesa alemã era uma carga de trabalhos, levava tudo desmontado e montava depois no local, com a ajuda dos alunos. Só o tampo da mesa ale-
mã devia pesar aí uns 200 kg, mas ti-
nha que ser assim, porque o professor Robalo Gouveia era muito rigoroso.
quando o pavilhão foi construído, passou então para lá, passou a trabalhar de noite e de dia. Conta-nos que os fi- lhos cresceram sem ele dar por isso, e que a esposa foi mãe e pai, eram sema- nas inteiras a trabalhar sem ir a casa. Com o que ganhava nos Pupilos não con- seguia organizar a sua vida, então quando os Pupilos começaram a alugar o espaço a entidades externas, fez um acordo com o diretor da altura, eles alugavam para fora, mas era ele que dava todo o apoio, fazen- do um preço a essas entidades e manteve- -se por lá até 2012.
quando lhe perguntei que memórias
tinha dos alunos, a voz embargou-se e os
olhos brilharam, respondeu que tinha muitas recordações, que o seu relacionamento com eles foi sempre do melhor, passavam o tempo “ ó Pereira esqueci-me dos calções, não me arranjas ai uns?”, “Pereira esqueci-me da t-shirt”, “Pe- reira não tenho toalha”, e ele arranjava tudo. Diz-nos que eram “unha-e-carne” e tinham muito respeito uns pelos ou- tros, nunca havia atritos.
...” As saídas eram muito giras conta-nos, assim que che- gávamos ao sítio eles (alunos) ficavam logo todos “despas- sarados”, mas até arrumarmos tudo e acabar a exibição nin- guém saía dali. Também não ajudava muito fazerem ginástica só com os calções, as miúdas ficavam todas malu- cas, por isso é que eles se esqueciam de tudo e eu já sabia, levava sempre materiais e equipamentos de reserva. Só de- pois de tudo terminado é que íamos todos comer e conviver e depois cada um ia à sua vida.
Agora as saídas ao estrangeiro eram espetaculares, e aqui vimo-lo rejubilar com as memórias, íamos sempre de autocarro que era uma beleza. Muitas vezes as viagens eram dois dias e duas noites, então parávamos sempre nas
estações de serviços para dormirmos dentro do autocarro. Eu dormia muito pouco, não sei se era da excitação, mas levantava-me sempre cedo. Levávamos connosco os fogões de campanha e gás, e eu ia comprar pães compridos que cortava, fazia sandes e aquecia água para fazermos café para o pequeno almoço” ...
Diz-nos que trabalhou muito nesta casa, mas enquanto o pau-ia-e-vinha, descansava as costas. Nas viagens dava para dormir, jogar às cartas e contar anedotas. Passavam o tempo a pedir-lhe “ó Pereira conta aí uma anedota”. Lem- bra-se de todas as viagens e numa que fizeram aos Açores, andaram 6 horas numa Corveta Militar, e o que se diverti- ram a verem os Golfinhos a saltar junto ao barco. O Patinha (19760114 Vítor Patinha), enviou-lhe recentemente uma fotografia em que ia a dormir no barco.
Numa saída que fizeram para Braga diz que viu a vida a andar para trás. Estavam a transportar o trampolim de ferro e os alunos deixaram enterrar as pernas da frente na relva, o trampolim veio para trás e ba- teu-lhe na cabeça, ficou esten- dido no chão, mas depois de algum gelo, diz que à noite já estava pronto para o S. João, e lança uma pequena garga-
lhada.
Lembra-se muito bem
dos alunos dessa altura do 17 (19700017 Jorge Pires), do 48 (19720048 Fernando Cos- ta Pires), que era irmão do 17 o Pires, o 16 (19710016 Carlos Ramos) ... era essa a malta desse tempo, depois veio o Tubarão, o Manique,
o Egas e tantos outros.
Diz que não perdeu o contato com muitos e que os vê quando vêm jogar à bola ao Domingo ao IPE e nas cerimónias, é sempre uma festa quando os vê. Nunca os esqueceu e sabe que eles
também não se esqueceram dele.
Acrescenta que já chegou a encontrar em passeios com
a família, antigos alunos e a acabar a jantar em casa deles e a sair de
lá à meia-noite. O
Patrão da filha tam-
bém é antigo aluno, sabe porque ela lhe disse uma vez quan- do chegou a casa, era o Jorge Alves e dizia que o conhecia, pediu à filha para lhe pergun- tar o nome e afinal era o “Chepa” e já o voltou a encontrar no IPE.
quando o provocá- mos, para perceber se de
          Boletim da Associação dos Pupilos do Exército • abril a junho | 13
O “pessoal da especial” tinha uma relação especial com o Pereira. Ele também nos acompanhava nas deslocações ao estrangeiro. Olhando para trás, o homem tinha uma paciência de Jó e um coração enorme!
Filipe Rocha 19850199
Se há homem consensual que conseguiu conquistar o respeito e admiração de todos foi o Senhor Pereira. Homem de fácil trato e com um enorme coração. Profissional muito dedicado, que para cada problema encontrava sempre uma solução. Quantos de nós na azáfama do dia a dia não foram “salvos” pelo Senhor Pereira, ou porque faltava a toalha ou os ténis ou outro utensílio qualquer. “...”
Paulo Pereira 19790152
O Pereira marcou-me! “Marcou-me” uma vez que me atirou com um cone quando eu estava a tentar roubar uma bola para ir jogar pois a aula normal tinha sido cancelada...
42 anos a aturar mais
uns como eu... Bendita reforma!
Hugo Veiga 19910005






























































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