Page 30 - Boletim nº 251 da APE OUT a DEZ de 2018
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“A REPúBLICA, O INSTITUTO, AS TUTELAS
& OS TUTELADOS...” (XXV)
A 1a DÉCADA – PERíODO DEMOCRÁTICO – O PóS-REVOLUÇÃO... (1976/1985); A NORMALIzAÇÃO DEMOCRÁTICA;
REACÇõES “INSULARES”... NOS PóS 25 DE ABRIL...;
UMA DÉCADA... DEPOIS (APONTAMENTO)
M. A. Borges Correia
19470332
A NORMALIzAÇÃO DEMOCRÁTICA
A Legislação desse dia...
• O Decreto-Lei 670-B/75 manda encerrar “os bancos, ca- sas bancárias e demais instituições de crédito” a partir de 26 de novembro.
• A Portaria 670-A/75 declara o estado de sítio na área compreendida pela Região Militar de Lisboa (RML).
Outros Factos ...
• É levantado o estado de sítio em Lisboa a 2 de Dezembro.
• A 28 de Novembro, o VI Governo Provisório retoma as suas funções e é suspensa a publicação dos jornais estatizados.
• Presidente da República, procura iniciar “uma tentativa
sincera de pacificar o país”.
• Apesar, de não se pertender iniciar qualquer “ajuste de
contas” irá criar-se neste período uma zona de sombras, maior do que se poderia imaginar...
No Portugal, de Abril... constatou-se...
«Do 25 de novembro de 1975 diz-se com frequência consti- tuir o momento da normalização democrática em Portugal. Quando se fala daquela data evocam-se os acontecimentos de Lisboa e o modo como na capital se viveu o culminar de um processo. Esquece-se quase sempre a circunstância de no Nor- te e no Centro do país, haver uma outra história para contar, feita de violências várias, colocação de bombas, mortes, assal- tos a sedes de partidos de esquerda, que continuaram muito para lá daquela data».
O que se podia esperar?
«Hoje sabemos, através das palavras de Alpoim Calvão, de Paradela de Abreu e de outros ‘heróis’ da direita, que estavam preparados grupos capazes de executar quem quer que fosse. Até onde estavam dispostos a ir, eles próprios o dizem. O próprio presidente da República, general Costa Gomes, diz num discurso que ‘Portugal não será o Chile da Europa’. Viviam-se momentos de grande gravidade».
«Hoje é fácil dizer que Portugal não foi, nem a Cuba ou o Chile da Europa, mas a história tem este lado perverso. Na altura não se sabia o que ia acontecer. O sentimento de defesa de uma Revolução que estava a ser atacada foi o que levou dezenas de milhar de pessoas à rua».
Entrevista a Jorge Sarabando, membro do Comité Central do PCP entre 1988 e 2008, Expresso Diário de 28/12/2015
«Cinco dias depois, a 30 de novembro de 1975, escrevia-se em “Le Monde”: “A revolução romântica, à ‘Couraçado Pote-
mkine’, que há um ano incomodava a Europa e inquietava Washington, dissipou-se em 48 horas como uma nuvem de fumo. Alguma vez teria sido outra coisa?»
“Os mitos em torno do 25 de Novembro de 1975” Ricardo Cardoso (In) Expresso – 25.11.2016
No terreno... Os Portugueses, foram “colocados” perante os “acontecimentos”...
– A “reconciliação” proporcionará à extrema-direita um incremento indiscutível de liberdade de ação, no cam- po político e cultural, ao longo de toda a sucessiva fase de normalização democrática.
– Em razão, dos “saneamentos nas áreas militares e civis”1, verificam-se manifestações quer em Lisboa, como no Porto.
A PSP tentando “por Ordem” à «manifestação» no Príncipe Real – Lisboa
Manifestação frente à Reitoria da Universidade do Porto
FOTOS ARQUIVO A CAPITAL/IP
– Em 03 de Dezembro, na Assembleia Constituinte PS, PPD e CDS acusam o PCP de estar envolvido nos acon- tecimentos de 25 de Novembro.
– Em conferência de imprensa, a 4 de Dezembro, Mário Soares acusa o PCP de ter participado activamente no 25 de Novembro, utilizando a extrema-esquerda como ponta-de-lança e critica o PPD por “anti-comu- nismo retrógrado” ao pretender o afastamento do PCP, como condição da sua permanência no Governo, nes- se mesmo dia o PS a par do PPD e CDS defendem a revisão do “Pacto MFA-Partidos”.
O Rescaldo e a Acalmia... que se pretendia...
– Após a “suspensão” a publicação do DN, (o jornal era do Estado). Só regressaria a 22 de dezembro. A dire- ção, onde pontificava José Saramago, afecto ao PCP, foi substituída por uma afeta ao PS, liderada por Vítor Cunha Rego.
Convém, recordar a visita à Polónia e à URSS, (01Out), pelo Presidente da República.
28 | Boletim da Associação dos Pupilos do Exército • Outubro-Dezembro 2018