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CróniCaS
“EsClArECENDO”
Ontem, encontrei o meu neto mais velho, o Paulo, ainda jovem, mas já na casa dos trinta, que me pe- diu para o esclarecer sobre alguns assuntos relacio- nados com a existência do universo.
Fiquei surpreendido com a sua curiosidade, mas con- tente por verificar que apesar do bulício próprio da sua vida profissional ele sentia necessidade de adquirir mais conhe- cimentos sobre o mundo que nos rodeia e, por isso, procu- rei dar-lhe a minha ajuda e opinião sobre tema tão comple- xo e delicado, extremamente controverso, e sobre o qual teólogos e cientistas se têm debruçado e debatido. Disse- -lhe que ao analisar profundamente este assunto não pode- mos ignorar as afirmações da Bíblia e as demonstrações da Ciência. Enquanto a Bíblia é imutável no seu contexto a Ciência está continuamente a mudar, à procura de novos caminhos para a explicação dos fenómenos, estabelecendo leis que os regulam.
A Bíblia diz-nos “No princípio criou Deus os Céus e a Ter- ra e os fundou com sabedoria e inteligência.”
A Cosmologia como Ciência do universo está fundada sobre a teoria da relatividade geral de Einstein e tem duas escolas, a do steady state e a do Big Bang.
A primeira escola afirma que o universo foi sempre assim, embora com mudanças lentas estabelecendo perío- dos de milhões de anos para o aparecimento de estrelas e galáxias. A segunda escola, a teoria do ovo Cósmico, diz- -nos que toda a matéria estava concentrada no tal ovo que explodiu há 10.000 milhões de anos. segundo esta teoria o universo está a expandir-se, retrocederá um dia e fechar-se- -á sobre si mesmo como afirmam os cientistas Einstein, Penzias e Wilson. Ora a Bíblia não diz propriamente isto, mas afirma:
“E as estrelas cairão do Céu e as potências do Céu serão abaladas.”
No seguimento do meu raciocínio e perante a admira- ção do meu neto afirmei ainda:
“Tudo o que se relaciona com a criação do universo está contido na Bíblia que faz afirmações, que com o decorrer do tempo a ciência vai demonstrando.”
Aponto-te vários exemplos para demonstrar esta afir- mação.
Há 3.500 anos, quando Moisés escrevia a Genesis e di- zia “Havia trevas sobre a face do abismo”, não sabia que a Terra era como um grão de areia no grande abismo chama- do espaço e que as trevas envolviam toda a imensidão es- pacial.
Polidoro Castelo
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“suspende a Terra sobre o nada” diz a Bíblia (Job 26:7).
Ora nesta época ninguém sabia que a Terra estava sus- pensa no vazio.
“Ele é o que está assentado sobre o globo da Terra (Isaías 40:22)”.
Afirmação da Bíblia quando os entendidos da época en- sinavam ser a Terra achatada.
A Ciência tem chegado à conclusão de que os vegetais e os animais precederam o homem na criação e a Bíblia afir- ma o mesmo.
Como vês, Paulo, há sintonia entre a Bíblia e a Ciência.
Poderíamos abordar mais questões sobre o tema que apresentaste desenvolvê-las nas suas facetas mais impor- tantes, apresentar mais caminhos de raciocínio. Creio, po- rém, que o que se disse já esclareceu cabalmente o que pretendias e por isso hoje ficamos por aqui.
Mas quero terminar apresentando este soneto de Ante- ro de quental:
Salmo
Esperemos em Deus! Ele há tomado
Em suas mãos a massa inerte e fria
Da matéria importante e, num só dia, luz, movimento, acção tudo lhe há dado.
Ele, ao mais pobre de alma, há tributado Desvelo e amor: ele conduz à via Segura quem lhe foge e se extravia Quem pela noite andava desgarrado.
E a mim,que aspiro a ele,a mim que o amo, Que anseio por mais vida e maior brilho, Há-de negar-me o termo deste anseio?
Buscou quem o não quis; e a mim, que o chamo, Há-de fugir-me como a ingrato filho?
Ó Deus, meu pai e abrigo! Espero!... eu creio!
4 | Boletim da Associação dos Pupilos do Exército • Julho-Setembro 2018