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NOTÍCIAS DO IPE
34 BOLETIM APE | JUL/SET 2023
Os avanços tecnológicos, a Inteligência Artificial, as
Tecnologias da Informação e Comunicação, a Robótica
e Automação mudaram os paradigmas de vida em
sociedade. A única certeza que temos é que o futuro é incerto,
imprevisível, volátil e que tudo evolui de uma forma rápida e
profunda.
Colocam-se questões como: “A mudança tecnológica
destrói ou cria empregos?”, “Qual é o papel de escola?”, “Para
que futuro devemos ensinar?” “Quais são as competências
necessárias para garantir a empregabilidade dos jovens que
estamos a formar?”
Para procurar encontrar respostas, apresenta-se em seguida
uma síntese baseada numa revisão da literatura mais recente.
As transformações tecnológicas a que temos vindo a assistir
refletem-se no mundo do trabalho e levam à necessidade de
uma reorganização na forma de trabalhar.
O Mundo Digital, a Biotecnologia, a Nanotecnologia, a
Inteligência Artificial e a Automação, de uma forma direta ou
indireta, fazem parte do dia a dia de todos nós, ficando para trás
as vendas de produtos porta a porta e as máquinas de escrever,
realidades quase pré-históricas.
“A mudança não garante o progresso, mas o progresso
exige implacavelmente a mudança” (Henry Commager). E esta
mudança transformou a forma como vivemos e trabalhamos.
O trabalho fixo, em muitos casos das 9 às 17 horas, foi
substituído por um horário flexível, em qualquer parte, em
qualquer lugar. As formas de comunicação são diversas e, ao
dissipar as barreiras espácio-temporais, a informação circula
rapidamente e pertence a todos quase instantaneamente.
A liderança autoritária cada vez mais tem vindo a ser
substituída por uma liderança transformadora que procura
fomentar o espírito de equipa e de pertença na qual a hierarquia
vertical foi substituída por uma rede de trabalho horizontal na
qual cada individuo constrói a sua carreira profissional, que é
cada mais volátil e dinâmica, ao contrário das carreiras estáveis
que antes existiam.
A informação é cada vez mais partilhada e trabalhada em
equipas multidisciplinares, substituindo o trabalho fragmentado
e isolado.
De acordo com um estudo da empresa Delloite, de 2019, as
mudanças afetarão profundamente o trabalho (o quê), a força
de trabalho (quem) e o local de trabalho (onde). As organizações
devem estar dispostas a redefinir cada uma dessas forças
para criar colaborações entre o homem e a máquina, resolver
problemas complexos e gerir as relações humanas.
Em “The future of work after Covid 19”, salientam-se as
três principais tendências que podem persistir: o trabalho
remoto híbrido com as implicações em termos geográficos, o
aumento do comércio eletrónico e a economia de entrega e o
aceleramento do uso da automação e da inteligência artificial
pelas empresas. Um estudo desenvolvido pela Universidade
de Oxford em 2022, salienta que a requalificação é de extrema
importância para os trabalhadores cujos empregos não estão
diretamente ameaçados pela mudança tecnológica.
“Possibilidades”, “Reinventar”, “Imaginar”, “Adaptação”,
“Aprender” são algumas das palavras que mais utilizamos na
atualidade quando pensamos no mundo do trabalho e do em-
prego.
Relativamente à questão se a mudança tecnológica
destrói ou cria empregos estudos revelam que as novas
tecnologias podem substituir os trabalhadores, mas podem
simultaneamente criar empregos se forem necessários
trabalhadores para utilizar estas tecnologias ou se surgirem
novas atividades económicas. Além disso, o crescimento da
produtividade impulsionado pela tecnologia pode aumentar
os lucros, estimulando um aumento do emprego induzido pelo
aumento da procura.
No entanto, os trabalhadores de baixa qualificação,
produção e manufatura foram afetados negativamente pela
mudança tecnológica e estratégias eficazes de melhoria
e requalificação devem permanecer na vanguarda da
formulação de políticas, juntamente com sistemas de apoio
social direcionados.
Analisar o impacto e as consequências da evolução
tecnológica no mundo do trabalho, leva-nos a refletir sobre
como é que a escola está a acompanhar estas alterações e
como é que está a procurar preparar os seus alunos.
A Escola desempenha um papel insubstituível na preparação
e formação de cidadãos capazes de enfrentar mudanças da
sociedade. A Educação é sempre virada para o futuro.
Qual será então o papel e a missão da escola?
Para que futuro devemos educar?
Conseguirá a Escola antever as competências que serão
fundamentais para um futuro onde imperará, por certo, o
desconhecido, o imprevisível, a volatilidade, a incerteza, a
complexidade e a ambiguidade?
As competências-chave para o futuro serão aquelas que
as máquinas, associadas à execução de trabalhos repetitivos,
ainda não conseguem realizar, nomeadamente a criatividade;
pensar “fora da Caixa” e a capacidade de trabalhar em grupo
(tarefas interpessoais).
A sociedade de hoje, em constante mudança, exige não
só conhecimento, mas também competências para além
do conhecimento. A necessidade de adaptação é rápida e
constante.
PROFISSÕES DO FUTURO: COMPETÊNCIAS
NECESSÁRIAS, PAPEL E MISSÃO DA ESCOLA -
O FUTURO NO IPE
Helena Paula
Lizardo Gameiro*
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