Page 8 - Boletim numero 258 da APE
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Cultura e ConheCimento
A Cultura da Figueira-da-Índia
espécie Opuntia ficus-indica, (L.) Mill, nome cientí- fico da planta figueira-da-índia, também conhecida por piteira, tuna, tabaibos, entre outras, da família
das cactácias, teve origem no México, há cerca de 9000 anos. Foi trazida para a Europa na 2a viagem de Cristóvão Colombo, na época dos Descobrimentos Marítimos e adap- tou-se à região mediterrânica (nas viagens dos navegadores contribuiu para enfrentar a luta contra o escorbuto, pois os frutos são ricos em vitamina C).
Em Portugal, é considerada uma espécie introduzida, na- turalizada, não invasora.
Actualmente, esta planta encontra-se distribuída por todo o nosso país, adaptando-se às regiões áridas e semi- -áridas. Começou por ser utilizada como sebe, para delimi- tar propriedades devido à presença de espinhos, como cor- ta-fogo, bem como na alimentação animal.
Nesta planta tudo se aproveita: O fruto (polpa verde, laranja, vermelha ou roxa), rico em potássio, magnésio, cál- cio e vitaminas C, A, B1 e B2, consome-se em fresco ou para transformação (desidratado, sumos, compotas, gelados, licôres...); A graínha dos frutos é utilizada no fabrico de óleo para fins cosméticos (um dos mais caros do mundo); As flo- res secas são comercializadas para infusões para tratamento de doenças urinárias/próstata; As palmas, são aproveitadas como forragem animal ou no fabrico de fertilizantes e de biocombustível, entre outras aplicações.
Do ponto de vista ecológico, esta planta proporciona ali- mento e protecção à fauna (a sua floração fornece néctar às abelhas e outros insectos polinizadores) e controla a erosão dos solos.
Fernanda Palma
19771081
Desde o ano 2009 começou a ser comercializada no mer- cado Nacional e em 2011 nasceu a Associação APROFIP – Associação de Produtores de Figo-da-índia Portugueses, com o intuito de melhorar as técnicas de produção, comer- cialização e divulgação da cultura desta Fileira.
Portugal apresenta potencial para ser um dos maiores produtores da Europa devido às suas condições climáticas, sendo actualmente Itália, o maior produtor europeu.
A colheita deste fruto é realizada entre os meses de Agosto e Outubro e exige equipamento específico (luvas es- peciais, óculos e roupa de protecção).
A maior parte das culturas encontra-se no Alentejo.
Neste momento estão instalados no nosso país mais de 400 Ha desta cultura e apesar de se encontrar em fase de expansão, verifica-se ainda muitas vezes o desconhecimen- to das suas potencionalidades.
A maior parte dos produtores utiliza o modo de produ- ção biológica, o que contribui para a retenção de água no solo, promove a biodiversidade, contribui para a redução das alterações climáticas, combate a desertificação, sendo uma cultura sustentável.
Está-se a tentar melhorar a organização, diversificação e expansão desta Fileira, bem como garantir mercados além fronteiras.
6 | Boletim da Associação dos Pupilos do Exército • julho a setembro