Page 5 - Boletim numero 257 da APE
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Nesta rubrica procurámos ouvir os profissionais que neste momento lidam de mais perto com as populações e que têm uma participação mais ativa no bem-estar e segurança de todos. Os pilões no terreno, testemunham aqui a forma como lidaram com a situação que vivemos e mostram o outro lado do estado de emergência e confinamento.
A equipa do boletim agradece por partilharem connosco a vossa experiência.
Profissionais de Saúde na
linha da frente da
pOandemia COVID-19
s profissionais são um pilar essencial nos sistemas de saúde e condicionam a forma como estes se or- ganizam na sua missão de cuidar. Atualmente, os
sistemas de saúde estão cada vez mais sujeitos a desafios relacionados com recursos humanos, que incluem a carên- cia dos próprios recursos, as assimetrias na sua distribuição, a falta de qualificação ou especialização necessária para os cuidados a prestar, o desequilíbrio nas competências entre diferentes profissões, ou ainda projetos, contextos de traba- lho e condições remuneratórias ou de atratividade na fixa- ção consideradas insuficientes – desafios ao qual o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não está incólume.
Fatores como o envelhecimento da população, o isola- mento social ou a velocidade atual do desenvolvimento tec- nológico, são condicionantes que têm pressionado o SNS nos últimos anos, comprometendo a sua qualidade e res- posta. Agora, perante uma pandemia de impacto ainda des- conhecido na sua soma, um último grande teste é imposto ao SNS.
quando falamos da doença pelo novo coronavírus (CO- VID-19), focamos normalmente o discurso nos efeitos à po- pulação geral. Referimos os riscos para grupos como idosos ou pessoas com patologia de base, mas, os profissionais de saúde, são um grupo particularmente relevante e por vezes menos lembrado na equação.
De facto, pelo seu contacto próximo com cidadãos que apresentam sintomas de infeção em unidades de saúde, es- tes encontram-se entre os principais grupos de risco de CO- VID-19 – e têm estado desde o início da pandemia sujeitos não só a impactos e riscos à sua saúde individual, mas tam- bém a forte pressão social e psicológica. Acresce ainda, que um episódio de doença num profissional de saúde é espe- cialmente grave pela dupla perda na sociedade: perde-se o cidadão, mas perde-se também um elemento necessário à efetiva resposta à pandemia, e o qual o próprio sistema de- veria proteger em primeiro lugar, como seu agente.
Guilherme Gonçalves Duarte*
19970026
Não temos ainda dados exatos ou definitivos (até por- que no momento em que escrevo estamos ainda em perío- do pandémico), mas milhares de profissionais de saúde em todo o mundo foram já infetados com COVID-19 e muitos perderam a vida.
Relembro que hoje, em Portugal, a força de trabalho do SNS é uma força de trabalho envelhecida quando compara- da com outros setores. há uma maior proporção de traba- lhadores com doenças crónicas, idade superior a 60 anos e outros que já poderiam estar reformados, mas que foram chamados a suprir lacunas.
Sucintamente, alguns dos desafios impostos às várias profissões de saúde mobilizados na resposta à Covid-19 são:
1. EquIPAS COm POuCOS rECurSOS humAnOS, DESOrgAnIzAçãO E SErVIçOS ImPrEPArADOS
A pandemia veio mostrar a escassez de pessoal e o sub- -investimento crónico no SNS, aumentando as dificuldades nos profissionais que se mantém nas equipas. A juntar às já elevadas taxas de absentismo laboral no SNS (seja por do- ença ou por outras causas), as novas exigências de mais horas de trabalho, associadas a fadiga e stress, impedimen- to do gozo de férias e o aumento das necessidades de saú- de ou a necessidade de adaptar os serviços a curto prazo, representam fatores enormes de pressão junto dos profis- sionais.
CrÓniCas
                  Boletim da Associação dos Pupilos do Exército • abril a junho | 3
















































































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