Page 20 - Boletim Nº 254 da APE
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 O meu Pai, o Director
 EM FOCO APE
                 No dia 14 de Agosto, celebraram-se os 634 anos da Batalha de Aljubarrota, celebrou-se a vitória das tropas Portuguesas que foram lideradas pelo patro- no da Arma de Infantaria do Exército Português, D. Nuno Álvares Pereira. Coincidência, ou não, neste dia encerrou-se um ciclo, aquele em que o Instituto dos Pupilos do Exército teve como Director o Coronel Miranda Soares, meu Pai.
Para trás ficaram 11 anos de casa, ao longo dos quais pude finalmente acompanhar o trabalho desenvolvido pelo meu Pai. Digo “finalmente” porque até então, e salvo raras ocasiões, o pouco que ia sabendo era através de camaradas seus quando porventura nos cruzávamos. Mesmo nessas al- turas, o que ficava a saber simplesmente confirmava aquilo que já intuía tendo por base o que via no dia a dia. uma pes- soa íntegra e frontal, que coloca sempre o serviço acima da pessoa e que não abdica dos seus valores nomeadamente da liberdade, da lealdade e da justiça. Alguém que sabe ouvir, mas que decide pela sua cabeça. Alguém que no final deixa a sua marca mas que prefere atribuir o mérito a terceiros.
Com a ida para o IPE tive a oportunidade de assistir à construção da sua marca, desde o seu início. Dessa fase, lembro-me de o ver ler um livro sobre o “Balanced Score Card”, uma ferramenta de gestão. Ainda que na altura não me tivesse apercebido, foi uma das formas que encontrou para se preparar para aquela que viria a ser a sua derradeira missão, e logo num contexto diferente do habitual. De facto, de repente, o seu âmbito de actuação extravasava de sobre- maneira a dimensão militar. No IPE, teria de ser simultanea- mente Oficial de Infantaria, CEO e Reitor.
Foto de Ana Cristina Coelho
E aquilo que parecia ter começado há pouco tempo, ra- pidamente chegou ao fim, como é apanágio das coisas boas. Pelo meio... pelo meio fica mais de uma década de dedi- cação, desafios e superação, conquistas e retrocessos. Fo- ram 11 anos que, pelo que vejo e vou ouvindo, ajudaram a recolocar o IPE na rota da Excelência, onde “o Belo e a práti- ca de Aristóteles” se fundem resultando na “produção de cidadãos úteis à Pátria”, verdadeiros “sócios da Sociedade a que pertencem”, preparados para “liderarem e serem lide-
rados”, justos mas exigentes.
Como filho, não posso sentir nada mais que um imenso
orgulho neste capítulo da carreira militar do meu Pai.
um orgulho que decorre do cada vez maior número de alunos que a cada 25 de Maio enchiam a parada, da cres- cente espectacularidade das actuações da classe especial de ginástica, das cada vez mais normais conquistas a nível desportivo e da qualidade dos vídeos em que se resumiam as cerimónias. Mas resulta também das certificações obti- das e das parcerias feitas, nomeadamente com o Colégio Militar de Porto Alegre, da qualidade criativa que observa- mos nas exposições promovidas em cada final de ano lecti- vo e da evolução dos resultados Académicos que paulatina e consistentemente foram melhorando. Mas decorre sobre- tudo do orgulho que vejo nos alunos ao envergarem a farda
do IPE e de o representar.
Ainda que tudo isto não seja garante da sustentabilidade
de uma casa com as responsabilidades do IPE, sei que são sintomas de que a casa está a funcionar bem, que os seus processos são ágeis e adequados, que o seu plano curricular
   18 | Boletim da Associação dos Pupilos do Exército • julho a setembro




















































































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