Page 38 - Boletim APE - 250
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PoESia
   António Teixeira da Mota
19720021
Conquista
sonho ser o Cavaleiro do sol À conquista da Dama da lua...
Numa viagem que me extenua De elmo e espada, todo armado Chego ao distante reino da lua...
liberto-me do peso da armadura Deito fora os despojos do passado
A conquista será por certo uma ventura...
Neste desejo que alimento há tanto Entro no Palácio e em seus Paços Enfrento a Dama, que para meu espanto...
Está altiva e conquistada... Eu, desarmado e em pranto.
António Boavida Pinheiro
19460033
migas e Poesia...
António Barroso (Tiago)
19460120
o regresso das parcas
– Ele aguarda, sem medo, esta chegada, Como se nos lançasse um desafio,
E eu não consigo, irmãs, cortar o fio Que era o nosso motivo da jornada.
– Irmãs – diz a segunda – fica adiada A missão que o destino conferiu Que o chamamento que ele proferiu, No espaço se esfumou, não era nada.
– Se tomam, as duas, essa atitude E não há argumento que vos mude, Só tenho que, convosco, concordar,
Porém, minha irmãs, há a missão Que se cumprirá, quer se queira ou não, E eu por aqui me fico... vou esperar...
Teodoro rita
19410043
Nas Bodas de Prata dos Finalistas de 1947/48
vinte e cinco anos depois...
Da vida aqui passámos anos belos da fugaz mocidade que voou,
no estudo, em devaneios e em anelos, que o espírito irrequieto idealizou ao erguer para o ar altos castelos.
Partimos um dia, há vinte e cinco anos, esses sonhos levando na nossa alma, convictos ir firmá-los, soberanos,
à força e contra o mal levando a palma e logo os arrasaram os desenganos...
que a arte de viver cá aprendida, fundada na moral e na verdade, pouco se usa, num mundo e numa vida onde a honra não tem, já validade,
e o ser, vil ou servil, ganha a partida...
uma a uma se foram, as ilusões, deixando no vazio os desenganos, suavizados ’inda em recordações
dos bons tempos, que em tempo, aqui passámos; distantes, refulgindo nos clarões,
das belas madrugadas do passado já tingidas, p’las cores do pôr-do-sol, voltando ao Instituto tão amado que pela vida foi, nosso farol iluminando, o rumo a ser trilhado.
A ele voltaremos vida fora
até já velho, o corpo, o permitir
p’ra viver o passado que aqui mora p’ra sentir a saudade de vestir como irmãos, o fato azul, como outrora!
De Teodoro Rita em sua memória pelo seu recente falecimento
   As migas alentejanas, Da nossa gastronomia, As águas do Guadiana, E..., a nossa fantasia.
Tal como os nossos cantares são melódicos... Eu acho.
E há mais pratos p’ra rimares? Pois há..., o nosso gaspacho.
Mas vinha mesmo a calhar Outro prato p’ra entrada: rodelas de calamares
Ou pezinhos de coentrada...
E, as azeitonas d’Elvas saborosas, bem bacanas... P’ra mesa do Xico Melgas sai carne à alentejana,
Com ameijoas saborosas
E batatas aos pedaços. Com uma pinga bem gostosa Conversa de amigalhaços...
E depois da sobremesa..., Devagar que eu já te agarro, sai soneca com certeza
À sombra deste chaparro...
E é assim que devagar, Vai-se ao longe... Como eu faço, sem ter pressa p’ra chegar, Corro, corro..., mas a passo...
E a mania que eles têm,
Os tipos lá da “cedade”... que a gente “semos” ninguém... Mas isso não é verdade.
que nós somos, isso sim, Gente trabalhadora... Devagar se chega ao fim, Com certeza, sim “senhora”...
Porque lá diz rifão:
quais de pé..., mas “assentado” que à sombra do chaparrão, O melhor é estar deitado...
E com tanta picardia, Com brincadeiras e lérias, Vivemos com alegria
E somos gente mui séria...
E se não acreditarem,
se pensarem às avessas, sol a sol a trabalharem, Convosco pedimos meças...
Ah! “Nã” querem..., já sabia, são apenas palradores!!! Têm todos a mania
que são uns grandes senhores...
Em grupos, com alegria, Nos campos a trabalhar. Com ritmo e melodia, Assim são nossos cantares... Com boa disposição,
E o riso doutro chiste Tem piada, pois então, Tudo ri, ninguém resiste...
Ah! Compadre manganão Vestindo a sua samarra, seja canícula de verão, seja inverno frio, qu’agarra...
E p’ra acabar meus senhores, Esta nossa cantoria, Toca afinar os cantores, Gente sã..., com bizarria.
que o dia vai-se a findar, Entre chistes e crendices, O sol se vai a quedar, lá na linha da planície...
36 | Boletim da Associação dos Pupilos do Exército • Julho-Setembro 2018

































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